Por André Ribeiro
Mal havia visto o PC no Beira-Rio ontem e o guitarrista da Rola Stones veio correndo me dizer. “Nós encontramos o Leonel. Ele está aqui”, disparou, com sorrisão imenso e meio ofegante, até meio emocionado. Mas quem diabos é o Leonel?, pergunta o leitor.
Durante os últimos 20 anos eu sempre citei o Leonel como exemplo. Seja em entrevistas sobre os Stones ou em conversas com amigos. Na terça-feira mesmo mencionei o Leonel para amigos, sem colocar o seu nome. E ontem eu encontrei o Leonel depois de quase duas décadas.
Durante todo esse tempo eu coloquei o Leonel como única pessoa que encontrei em Porto Alegre tão fanática pelo Stones quanto eu. Nós passamos anos nos encontrando pelos bares da cidade e ficávamos a noite toda falando sobre a banda. Desde o tiozinho careca vendedor de loterias até o chileno vendedor de incenso, todos conheciam o Leonel de vê-lo nos  bares, muitas vezes comigo papeando sobre Stones. Tá, mas e daí? Que merda esse cara (eu) quer dizer com isso?
O Leonel foi um pioneiro. Como o PC mesmo diz, a Rola Stones foi formada por causa do Leonel, primeiro vocalista da banda, que foi criada em torno da loucura dele por Mick Jagger e CIA. Até 1992/1993, Leonel foi o Jagger da única banda cover dos Stones no Rio Grande do Sul, responsável por criar um cenário stoneano por aqui. Eu lembro até hoje a primeira vez que vi a Rola no Escaler. E de quando fui falar com o Leonel depois de um show num boteco, dando ali largada para amizade de anos.

Formação original da Rola Stones no Beira-Rio

O Leonel não é o cara que mais shows dos Stones viu. O Leonel não tem a maior coleção de discos dos Stones, mas o Leonel é um dos caras que mais ama a música dos Rolling Stones no mundo. Ele chora, ri, come, respira e caga Stones todos os dias. Eu não via o Leonel ha 20 anos, até que ontem topei com ele dentro do estádio. Instantaneamente percebi que nada mudou. E a mensagem que o Leonel passa a todo mundo é simples. Tu não precisas ser quem mais tem isso ou aquilo ou ter ido mais vezes a shows. Tu precisa levar a música no coração. E ninguém leva mais a música dos Stones no peito do que o Leonel.
Eu acabei depois perdendo ele de vista no estádio. Pode ser que leve mais 20 anos para revê-lo. Mas Leonel, tu és o cara. Tu és um pioneiro. Tu és uma lenda. E eu tenho certeza que tu vais ler isso e que vais te emocionar, assim como eu e todos teus amigos stoneanos também. Porque o que fica de tudo isso são os amigos. Posso nunca mais te ver Leonel. Mas meu velho, tu nao será nunca esquecido.
O Leonel é uma lenda e viva!