Por André Ribeiro
O que a gente pode dizer sobre os Rolling Stones, que não tenha sido mencionado nos últimos 51 anos? A cada dia, a cada show, Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts, Ronnie Wood, Mick Taylor (sim, agora ele também!), Brian Jones e Ian Stewart (acreditem, os dois últimos ainda estão lá) precisam provar que são válidos e que são os melhores.
As 175 mil pessoas que compraram ingressos para o Festival de Glastonbury o fizeram antes de saberem que os Stones seriam a atração principal do último sábado. Portanto, não necessariamente eram fãs do grupo. Mais de 90% do público era composto por adolescentes.
O cenário para qualquer banda no planeta Terra poderia ser ameaçador, incerto. Para uma banda, mas os Rolling Stones não são uma banda. Os Rolling Stones são um mito, uma lenda. São algo que transita entre o sobrenatural e o real, o imaginário e o concreto. Os Rolling Stones não são de carne e osso. Os Rolling Stones são imortais, eternos, muito maiores do que qualquer outro artista pop que tenha surgido nos últimos milhões de anos da civilização terrestre.
Os Rolling Stones subiram ao palco de Glastonbury para dar mostra de força, de poder e uma vez mais aniquilar e ridicularizar os que ousam afrontar o maior fenômeno cultural da humanidade (e de todas as possíveis espécies, dos insetos aos demais mamíferos e às desconhecidas).
Diante de jovens, cuja maioria nunca foi a um concerto dos Rolling Stones, o mito desfilou clássicos. Estiveram ali alguns dos maiores hits da história. E 175 mil “crianças” urraram canção por canção, num ritual de devoção religiosa aos deuses presentes. Miss You, Start me Up, Tumbling Dice, Midnight Rambler, Brown Sugar, Jumpíng Jack Flash, You Can´t Always Get What You Want e, claro, Satisfaction, foram interpretadas por coral popular de quase 200 mil vozes.
Factory Girl virou Glastonbury Girl em homenagem ao festival, que bateu recordes de público pela presença dos Stones (um lote extra de bilhetes foi vendido depois da confirmação da participação de Jagger e Cia.). 2000 Light Years from Home foi a surpresa da noite, dando ares de psicodelismo sessentista ao evento. Por fim, os fieis foram para suas casas e vão poder contar aos seus filhos e netos: “Eu vi os Rolling Stones e os Rolling Stones não são humanos. Eles são os Rolling Stones”.
Emocionante texto, André. Só alguém como você para escrevê-lo.
Parabéns!
Se me permites, vou copiá-lo e mandá-lo por e-mail a um colega que está sendo "iniciado" no universo Stoneano. Já indiquei o SPB a ele, mas como residimos em cidades diferentes, não sei se ele acompanha o blog.
Fiques tranquilo que ressaltarei que a autoria do texto é tua, não sou jornalista e muito menos sanguessuga/chupa-cabra.
Um grande abraço.
Eriovaldo, tu é de casa, tu não pede, tu manda, meu velho.
Obrigado pelo elogio.
Concordo com tudo, sem tirar nem por.
51 anos da melhor banda de rock de todos os tempos, Hyde Park é o próximo a ter as estruturas balançadas por esses velhinhos poderosos.