Por André Ribeiro
Um bar enfumaçado em Chicago. Copos de whisky rolando de um lado ao outro. Ao fundo, uma banda toca velhos blues a todo volume. É um som sujo, cru, pesado. O cantor grita com sua voz rouca intercalada com gemidos da harmônica. As guitarras se entrelaçam, encorpadas pelo embalo da cozinha. O piano corta o som com um boogie woogie nervoso. Blue and Lonesome faz os Stones sentirem na pele o que seus heróis, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Little Walter, Jimmy Reed e tantos outros viveram nestes pubs fétidos de Illinois.
Se você quer conhecer os Rolling Stones, saber quem são, de onde vieram e para onde vão, Blue and Lonesome resume toda esta história em pouco mais de 42 minutos de música. Não há frescura, não há efeitos, não há tecnologia. Há uma banda tocando ao vivo em um estúdio de Londres como se estivesse no Marquee em 1962. Os Stones levaram décadas para gravar o álbum que os definiria artisticamente à perfeição. Nada na carreira destes senhores selvagens soa mais autêntico e visceral do que Blue and Lonesome. O som é surpreendentemente pesado, metendo um pé no hard rock e logo voltando para o blues elétrico de Chicago.
Não há destaques em Blue and Lonesome. Todas as canções são destaques. Mick canta ferozmente, vocifera as letras com energia e melancolia, entre o berro de desespero e o gripo de alívio. Keith e Ronnie mostram tudo e mais um pouco do que podem e sabem fazer. Eles não tocam, eles detonam, quebram tudo e ainda mandam o recado: “Palhaço, olha bem com quem tu tá falando”, puxando canivetes ameaçadoramente dos bolsos dos seus jeans.
Charlie está tão potente quanto sempre. Mantém todo seu charme e swing, em perfeita sintonia com o baixo de Darryl Jones, que incorpora um Willie Dixon do terceiro milênio.
Eric Clapton tem participação discreta, contida. Não se atreveu a ultrapassar a fronteira de convidado especial diante da violência sonora de Keith e Ronnie.
Você precisa de destaques, faz questão? Ok, ouça Blue and Lonesome, a faixa título, que é reprodução fiel da original de Little Walter, mas também dê atenção especial a Commit a Crime. Dê atenção às 12 faixas do disco. Ele acaba e você quer mais.
Quer ganhar um CD de Blue and Lonesome? Nos ajude a escolher o novo logo do blog e concorra a um exemplar. Clique aqui para participar. Blue and Lonesome foi rodado na íntegra nesta segunda-feira, em It´s Only Rolling Stones, edição especial, que foi ao ar pela Radio Eletrica (www.radioeletrica.com).
Nós podemos aceitar mais alguns pedidos do Blue and Lonesome LP duplo e da caixa deluxe CD + livreto +postcards. Por favor, informações por e-mail: andreribra@hotmail.com. Apenas por email.
Ouvi o programa especial na Radio Eletrica e adorei o álbum. Na verdade, sou fã dos Stones e de blues, pelo que seria quase impossível trazer uma opinião negativa. Mas não é só isso. Os Stones realmente conseguiram apresentar um blues sujo, pesado e viceral, que vale por si, independentemente das gravações originais. Ansioso para ouvi-lo novamente semana que vem.
Adorei o álbum. Os Stones foram mais para temas obscuros fugindo dos blues manjados que na maioria das vezes escutamos nos bares temáticos. Disco curto e direto que não te deixa entediado.
Obrigado pela audiência, senhores.
O tiro foi certeiro, acertaram o alvo em cheio.
abração.
Tive o prazer de ouvir pela radioeletrica…MIck Jagger me impressionou por sair em várias faixas de seu vocal habitual… Algumas faixas dificeis de cantar, sobretudo ao vivo…
Obrigado pela audiência altamente qualificada!
Muito ancioso para ouvir o Blue And Lonesome, chega logo sexta!
[…] Sujo, cru e violento, Blue and Lonesome redefine os Rolling Stones como banda de boteco […]
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[…] dos Stones em azul, reproduzindo de certa forma a capa do novo disco dos Rolling Stones, lançado em 2 de dezembro, e que é sucesso mundial de vendas. Ou seja, comprando esta camiseta, você estará em perfeita […]
[…] dos Stones em azul, reproduzindo de certa forma a capa do novo disco dos Rolling Stones, lançado em 2 de dezembro, e que é sucesso mundial de vendas. Ou seja, comprando esta camiseta, você estará em perfeita […]
Sabe quantos anos eu tenho, André? Estou beirando os setenta, portanto, coroa prá #!*@?!!&! Mas tenho o maior orgulho! Sabe por quê? Desde o final dos anos 50 venho seguindo o Rock ‘n’ Roll, não apenas como curtição musical, mas principalmente como estilo de vida, às vezes saudável, às vezes não, he he! Portanto uma bagagem rockeira de respeito, que vem me proporcionando deleite por mais de 50 anos. Mas continuo vivíssimo, com família, netas, saúde bastante razoável (até curto de um Jack Danielzinho), e uma coleção de CDs e LPs considerável. E, é claro, todos os discos dos Rolling Stones se fazem presentes em minhas estantes, inclusive muitos e muitos bootlegs. Foram eles (os Stones) que me levaram aos blues. Através deles cheguei até a música de Muddy Waters, Howlin’ Wolf, T-Bone Walker e muitos outros papas do gênero. Por isso, e não somente por isso, venero os Stones. E esse último disco deles é para mim um verdadeiro sonho realizado, o que sempre esperei que eles fizessem.
Blue & Lonesome é simplesmente “outstanding”! Não é um álbum típico de guitarristas exibicionistas, que ficam solando em excesso simplesmente para mostrar técnica e…. vaidade, embora Ron Wood já tenha dado provas, mesmo que timidamente, dessa capacidade (veja seu trabalho na faixa título ou em Black Limousine do álbum Tatoo You, para dar apenas alguns exemplos). Mas o grande Eric Clapton se faz presente em duas faixas para deleite de todos nós, míseros mortais. É claro que curto pacas músicos do calibre de um Peter Green, Mike Bloomfield, Alvin Lee, Jeff Beck e tantos outros guitarristas solo de blues. Mas esse já é outro papo. Mesmo porque não se compra um disco dos Stones por causa dos malabarismos e pirotecnias de um “guitar hero”, mas pela banda como um todo. Assim é com a maioria das bandas surgidas na primeira metade dos anos 60. Veja, por exemplo, os próprios Beatles. Ninguém compra um disco deles porque George Harrison era um virtuose. Aliás, nunca foi. Quem compra discos dos Beatles, compra para ouvir aquela música pop que eles faziam, e não rock ‘n’ roll.. E veja bem, eu não estou aqui para malhar o som dos caras. Mesmo porque eu acho a maior babaquice essa briguinha infantil e careta entre muitos fans das duas bandas, isto é, Stones e Beatles. São sons completamente diferentes. Dá pra somar laranja com abacaxi?
Mas vamos ao que interessa: O som de Blue & Lonesome nos transporta para os tempos que antecederam a Swingin’ London, quando os Stones tinham aquele som garageiro, tocado com a fúria e energia de garotos tentando imitar seus ídolos, ícones do Rhythm & Blues. Por isso mesmo, nada comercial, parecendo tocarem mais para se extravasarem de uma sociedade caretíssima de após guerra. Lembro me de ter lido no livro ‘Rollin’ With The Stones’ de Bill Wyman, o que George Harrison testemunhou, segundo suas próprias palavras, em uma ida dos Beatles ao Station Hotel para conferirem uma apresentação (ou seria aprontação?) dos Stones. Aqui está o que ele disse, se me permite a transcrição: “It was a real rave. The audience shouted and screamed and danced on tables. (…….) The beat the Stones laid down was solid; it shook off the walls and seemed to move right inside your head. A great sound”. Sabe lá o que é isso, mermão!
Por tudo isso e muito mais, Blue & Lonesome é grande, enorme. Apesar de apenas quarenta e poucos minutos de duração, nele está representada toda a vertente negra que pariu o Rock ‘n’ Roll. E com maestria!
Só mais uma coisa: Queria que o jornalista e louquíssimo crítico musical Ezequiel Neves voltasse de sua catacumba, nem que fosse por alguns instantes, para que ele pudesse morrer de novo, mas de infinita alegria ao som de Blue & Lonesome.
nota: O novo Stones Planet Brazil está primoroso!!!!
Obrigado, Luiz Oswaldo.
Abraço.
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