De tempos em tempos ressurge na internet um post com a carta que Mick escreveu para Andy Warhol em 1969, convidando-o para fazer a capa de um novo disco dos Stones. Mas afinal, que disco era esse?
A grande maioria desses posts menciona o disco como sendo o Sticky Fingers, cuja arte realmente é de autoria de Warhol, mas na verdade a carta se refere à coletânea “Through The Past, Darkly (Big Hits vol. 2)”, lançada em setembro de 1969.
A explicação para isso é muito simples: a carta é datada de 21 de abril de 1969, época em que os Stones estavam em estúdio envolvidos com as gravações de Let it Bleed, que foi lançado no final daquele ano, em 5 de dezembro.
Além disso, a maioria das músicas do Sticky Fingers foi gravada ao longo de 1970, e entre a data da carta e o lançamento de Sticky Fingers os Stones lançaram três discos: o já citado Big Hits vol. 2, Get Yer Ya-Ya’s Out! (ao vivo, setembro de 1970) e Stone Age (coletânea, março de 1971). Logo, não parece muito lógico que a carta se refira a um disco que sequer havia sido gravado, sem falar que Mick deixa claro que se trata do novo disco de hits, cuja cópia acompanhou a carta.
Corroborando esta tese, um fato pouco mencionado é que Mick se correspondeu com outro artista de renome, o holandês M.C. Escher, a partir de 1º de janeiro de 1969 (logo, anterior ao contato com Warhol), com a mesma intenção.
Em uma das cartas divulgadas, Mick se diz admirador de seu trabalho e lhe convida para fazer a capa ou permitir o uso de outra de suas obras. A resposta de Escher (enviada a Peter Swales, que trabalhava com os Stones) foi concisa: “minha resposta é não, pois quero dedicar meu tempo aos compromissos que já assumi”. Mick havia se dirigido a Escher tratando-o por seu primeiro nome, Maurits, o que certamente o desagradou tendo em vista o fecho de sua resposta: “a propósito, por favor diga ao sr. Jagger que eu não sou Maurits para ele, mas M.C. Escher.”
No final, a capa do disco ficou a cargo de Ethan Russell, fotógrafo que trabalhou com os Stones durante a sua tour de 1969. A edição original tinha um formato octogonal (certamente inspirada na obra de Escher intitulada “Verbum”, que Mick apreciava e que ele queria usar como capa do disco, acima reproduzida).
E por falar em “art work” de capas de discos, fiquei surpreso ao ver na página 315 do ‘Rolling with the Stones’ de Bill Wyman três projetos do poderia ter sido a capa do Beggars Banquet. Claro que a arte final escolhida, tanto a foto do banheiro público proibida no início quanto a capa imitando um convite, têm um conceito muito mais, digamos, contracultura e, portanto, muito mais apropriadas ao que os Stones representam; mas achei de muito bom gosto aqueles projetos dos rostos dos Stones por trás daquele leque como por entre flores e beija-flores, porém nos passa uma imagem bastante hippie da banda, o que não tem muito a ver com os Stones. De qualquer modo, gostaria de ter aquelas fotos em tamanho maior para que eu pudesse fazer um papel de parede para ,eu computador. Dá pra você conseguir pra mim André?
Olá Luiz Oswaldo, se não tiveres feito ainda, podes procurar pelo google como Beggars Banquet alternate artwork ou cover e ver o que aparece. abração