Photo credit: Ed Roman
Do Editor: Ao longo dos anos Stones Planet Brazil sempre fez questão de priorizar material inédito. É uma busca do blog trazer informações novas, que acrescentem alguma coisa e não apenas reproduzam o que outros canais publicam. Nesta história, que iniciou em 2008, já foram entrevistados (longos ou curtos papos) pelo blog figuras como Bernard Fowler, Tim Ries, Patrick Woodroffe, Nelson Motta, Bill German, Tamara Guo (Blue Lena), Joyce Smyth, Fran Curtis, Rolando Rebelo, Nelio Rodrigues e José Emílio Rondeau, entre outros.
Assim, é com imenso prazer que trazemos aqui a entrevista exclusiva com Andy Babiuk, um dos autores de “Rolling Stones Gear: All the Stones’ instruments from Stage to Studio“, que nos fala sobre o livro, que foi recém-lançado, e conta algumas curiosidades a respeito do equipamento dos Stones e de sua pesquisa para a obra. Agradecemos imensamente aos leitores e colaboradores (Cristiano Radtke, Jéssica Marcari, Leandro Siqueira, Leandro Estrada, Pedro Henrique Fernandes, Rodrigo Leão, Rafael Guimarães e Fernando Kfouri) por nos ajudarem com as perguntas enviadas a Andy. A entrevista em sua versão original em inglês pode ser lida neste link.
SPB – Em seu site, há um agradecimento aos Rolling Stones por sua ajuda no livro. Vocês chegaram a entrevistá-los?
AB – Sim, e achei que Bill Wyman era a pessoa mais importante para entrevistar, pois ele é o historiador da banda. Bill foi muito gentil e eu passei algum tempo com ele em sua casa, na Inglaterra. Nós fizemos uma longa entrevista, na qual eu lhe mostrei mais de 300 fotografias para ajudar a refrescar sua memória. Todos (os Stones) foram muito legais e prestativos, em especial quando tivemos que fotografar seus equipamentos.
SPB – Vocês tiveram acesso irrestrito a todos os instrumentos e equipamentos da banda?
AB – Sim. Pierre de Beauport, que é o responsável pelo equipamento deles, foi muito prestativo. Pierre foi ótimo em nos ajudar a encontrar e ter certeza de que tínhamos todos os instrumentos certos fotografados para o livro.
SPB – De acordo com o release em seu site, o livro vai documentar todos os equipamentos utilizados pelos Stones. Há algum instrumento ou equipamento em particular que tenha sido mais difícil de se conseguir informações?
AB – Sim. Por exemplo, o primeiro baixo de Bill, que ele dizia ser um baixo caseiro, esse foi difícil. Mas no final eu descobri que era originalmente um baixo Dallas Tuxedo que foi fabricado em Londres no final dos anos 50. Eu mostrei isso para o Bill, e ele confirmou. Antes dele entrar na banda, Bill cortou o baixo, pintou e tirou os trastes, transformando-o em um fretless bass (baixo sem trastes). Todas as primeiras gravações dos Stones foram feitas com um baixo fretless! Está tudo no livro…
SPB – Quais foram suas fontes principais para o livro?
AB – Eu trabalho com equipamentos vintage por mais de 30 anos, esta é a minha especialidade. Sou membro do conselho do Rock and Roll Hall of Fame desde sua abertura, e tenho uma vasta biblioteca com informações sobre equipamentos musicais que venho coletando há muito tempo. Também trabalhei com lojas de guitarras por mais de 30 anos. Muitos dos equipamentos descritos no livro eu os vendia quando eram novos. Eu ainda estou nesse negócio de guitarras, tenho uma loja em Rochester, NY, chamada Andy Babiuk’s Fab Gear.
SPB – O livro vai cobrir todo o período de 1962 até seu último concerto do ano passado, no Hyde Park?
AB – Sim, vai. 50 anos! O último capítulo tem muitas fotos que tirei no show de Boston, em 2013. Eu estava no palco antes da passagem de som e vi todo o equipamento no palco e fora dele. Todos os caras trabalhando nas guitarras… depois, fotos do show a partir de todos os ângulos do palco, e fora dele. Foi como um dia na vida de um concerto dos Stones.
SPB – Qual é exatamente o modelo de violão que Brian toca no Arthur Haynes Show, em You Better Move On?
AB – É um Harmony.
SPB – Onde eles guardam seus instrumentos e equipamentos durante os intervalos das turnês? Há algum tratamento especial, em alguma sala refrigerada ou coisa do tipo?
AB – Esta é uma informação muito particular por razões óbvias de segurança. Todo o equipamento é bem cuidado quando eles não estão em tour.
SPB – Keith e Ronnie sempre passam um pó branco em suas mãos esquerdas antes de tocar. O que é isso, e qual a finalidade?
AB – É um pó especial para sinuca, mantém suas mãos secas quando você está jogando ou… tocando guitarra.
SPB – Onde estão as guitarras que eles utilizaram nos anos 60, como a Flying V de Keith (utilizada no show do Hyde Park, em 1969) e a Firebird VII? Ele ainda as possui?
AB – Eles possuem a maioria de suas guitarras, mas muitas delas foram roubadas ao longo dos anos e é o caso da Flying V, que infelizmente foi roubada.
SPB – Em que ano o kit de bateria de Charlie foi fabricado?
AB – O kit de Charlie, da Gretsch, é de 1957. Ele o comprou em 1979 e na época ele já havia sido restaurado para parecer madeira natural. Eu tirei muitas fotos do kit com detalhes, e todas elas estão no livro.
SPB – Em relação à Telecaster de Keith, a Micawber, é possível especificar todas as modificações que foram feitas nela?
AB – Sim, nós a fotografamos com muitos detalhes. Há muitas fotos em close-up dessa guitarra no livro que mostram todos os detalhes e modificações. É uma guitarra mágica, e me sinto afortunado por ter conseguido tocá-la.
SPB – E a Telecaster Custom 72 (a preta)? Ela é toda original?
AB – Há duas Telecaster Custom pretas. A original e uma que ele comprou em 1981. Quando eu trabalhava com Pierre ele perguntou se eu sabia qual era a primeira. Eu tinha o recibo original de quando Keith comprou a guitarra no Texas em 1975 com o número de série e uma fotografia de Keith pagando por ela. Então eu consegui apontar qual era a primeira. É uma Tele Custom de 1975. Ambas as guitarras foram fotografadas e estão no livro.
SPB – É possível que o livro tenha uma edição brasileira?
AB – Isso seria bom, mas você tem que conversar com meu editor sobre isso.
***Tradução: Cristiano Radtke.
Muito boa a entrevista. Estou muito curioso com ele. Mal posso esperar para colocar as mãos nesta obra de arte!
Pelo que andei lendo sobre ele, deverá ser um dos melhores livros já escritos sobre os Stones. Achei bacana que ele tenha listado também todas as gravações que eles fizeram e que instrumentos foram utilizados nelas.
Só acho uma pena que na Amazon US ele esteja "temporariamente fora de estoque". Quem pegou na pré-venda teve sorte.
Parabéns pela entrevista…todos ficamos com vontade de ler o livro…
Sem dúvida é um livro bastante interessante. não ha como falhar.
obrigado pela visita, Iver. volte sempre. abraco
Adorei a entrevista, no aguardo pelo lançamento do livro.