Como Brown Sugar e No Expectations ficariam em versões fado? Ou o que você acha de uma versão africana para Hey Negrita? O novo disco de Tim Ries (Stones World – The Rolling Stones Project 2) mostra como algumas canções soam em ritmos de diferentes países. O álbum é uma celebração internacional aos Stones, que conta com a participação de Mick, Keith, Ronnie e, principalmente, Charlie na bateria. As presenças de Bernard Fowler e da fadista portuguesa Ana Moura certamente acrescentam muito ao som proposto pelo saxofonista de Tim Ries. Vamos falar um pouco sobre cada canção do álbum.
Baby Break it Down – Traz excelente participação de Bernard nos vocais. Eclético, o backing vocals dos Stones interpreta a canção do Voodoo Lounge dando a ela traços de jazz moderno.
Under My Thumb – É o grande erro do disco. Versão caribenha, com letra em espanhol gravada por Herman Olivera só vai agradar aos fãs de Ricky Martin e afins.
Hey Negrita – É um dos melhores momentos do disco. Na verdade, é realizada em clima de jam. Lembra em alguns momentos Can´t You Hear Me Knocking pelo ambiente de improviso. Mais uma ver Bernard brilha, mas desta vez com acompanhamento de luxo. Charlie está na bateria, Ronnie na guitarria e Mick na harmônica. A versão, mesmo jazzística, poderia ter saído de algum ensaio ou jam dos Stones. Ficou perfeita.
No Expectations – Brilhante versão fadista do clássico do Beggars Banquet. Ana Moura esbanja talento e canta trechos da letra em português. Charlie está na bateria e uma guitarra portuguesa tocada por Custódio Castello leva a gente para alguma tasca da Alfama, em Lisboa. Emocionante.
Miss You – Bernard outra vez encanta. Jazz puro, Tim Ries conseguiu mostrar a versatilidade da canção. Claro, Charlie on drums.
Fool To Cry – Realmente de fazer chorar. Um dos momentos mais intensos do disco. Ponto altíssimo. A balada stoneana ganha roupagem jazzística refinadíssima. Bernard chega ao máximo do seu talento ao cantá-la. Quem é o baterista? Charlie.
You Can´t Always Get What You Want – Mick Taylor poderia tocar guitarra nesta versão de puro jazz fusion, som muito parecido ao que o ex-guitarrista dos Stones faz em sua carreira solo. Mick Taylor não está na gravação, mas Tim toca acompanhado por grandes músicos de Nova York.
Brown Sugar – Neste momento o mundo pára. Brown Sugar pode ser tocada como fado? Pode. E sabe mais? Fica maravilhoso. Ana Moura e amigos portugueses fizeram grande trabalho. A canção começa com guitarras de fado tradicional, engatando em seguida para um fado’n roll maravilhoso. De novo a belíssima Ana Moura canta trechos em português. O disco já valeria a penas só por esse grande momento.
Salt Of the Earth – Aqui a idéia de Tim Ries ao gravar o álbum fica resumida claramente. Versão em jazz, mas cantada em vários idiomas (árabe, alemão, francês, inglês, espanhol e português). Lisa Fischer faz a parte no idioma dos britânicos. Até um rap rola.
Jumpin’ Jack Flash – Jazz misturado com sons espanhóis, tendo direito a castanholas e tudo mais. Funcionou bem.
Angie – Você fica procurando entender onde está a melodia de Angie, mas a versão tem pouco mais do que o título da canção original. Desculpa para uma boa sessão de fusion.
A Funky Number – Uma imensa jam, que traz guitarras bem discretas do Keith. São músicos se divertindo no estúdio. Legal.
Lady Jane – Até mesmo o chatíssimo Milton Nascimento conseguiu soar bem cantando Stones em dueto com Marina Machado. Versão com os costumeiros passarinhos cantando e sons de natureza. Milton tentou, mas Tim não deixou que estragasse a canção. A letra é cantada toda em inglês.
Na foto, Tim Ries e Ana Moura.
Realmente depois destas descrições,
sobre cada música do álbum, eu fiquei
muito afim de ouví-lo.
Deve ser um trabalho de muito bom gosto.
Podes ter certeza, amigao. Vale a pena.