Por André Ribeiro
Usualmente a gente posta reviews sobre os principais lançamentos dos Stones quase imediatamente à chegada no mercado internacional, mas numa altura em que os Stones estiveram em tour, tivemos de esperar um pouco para receber o Totally Stripped deluxe edition (4 dvds + 1 cd), que veio da Inglaterra (os dvds são região zero e rodam em qualquer player), já que o investimento foi alto para vermos 9 shows num período inferior a um ano.
De cara vamos dizer que o lançamento é o melhor de todos os que saíram nos últimos anos, pelo menos entre 2008 e 2016, na nossa opinião. E não. Esta edição precisa ser importada, porque não há versão nacional (aqui saiu apenas o DVD do documentário e o DVD + o CD com compilação dos shows de Paradiso, Olympia e Brixton).
Abaixo, nossa avaliação depois de uma maratona de 437 minutos de música, mais de 7 horas seguidas, divididas pelos quatro DVDs.
TOTALLY STRIPPED – DOCUMENTÁRIO
O novo Stripped é bastante diferente da versão que passou na TV, aqui no Brasil pela Bandeirantes. A começar pelo tempo de duração, que foi de 55 minutos na TV e agora ganhou uma edição de 90 minutos.
No documentário, a gente não vai contar tudo, você vê bastidores das gravações em estúdio e dos três shows (Paradiso, Brixton e Olympia), a luta por ingressos e os Stones falando que tiveram de reaprender canções como Spider and the Fly, que pensaram que nunca tocariam ao vivo.
O Totally Stripped ganha do Shine a Light pela espontaneidade, já que não foi gravado para virar filme. Então, não há modelos nas primeiras filas dos shows. Você vê os fãs mesmo, e talvez até reconheça alguns deles.
O documentário é interessante e mostra como os Stones curtiram fazer esses pequenos shows. Sim, há legendas em português.
PARADISO – AMSTERDAM
Shine a Light foi tocada pela primeira vez diante de 1.500 fãs no Paradiso, em Amsterdam. Só essa informação vale para tornar o DVD interessante, mas ele vai bem além disso. Aliás, Don Was toca teclados em Shine a Light.
Seguindo, temos o Keith cantando Connection com Mick nos backing vocals, o que não se via desde 1972, quando Jagger participava de Happy nos shows.
Beast of Burden tem uma versão inteiramente acústica. O show, aliás, é digamos o mais “alternativo” de todos. Like a Rolling Stone traz Keith ao violão, o que também não é usual.
Ao longo de 100 minutos, você vê Mick esquecer de anunciar Charlie à bateria e todos o lembrarem. Depois de ter apresentado Keith, ele volta atrás, apresenta Charlie, e retoma com Keith em seguida. Ronnie, como ocorreu em toda Voodoo Lounge Tour, apresentou Mick.
Antes de cantar The Worst, Keith felicita o seu amigo Freddy Sessler pelo aniversário.
Lisa está simplesmente deslumbrante e faz uma das melhores Gimme Shelter de sempre. All Down the Line também tem versão arrebatadora, assim como a versão acústica de Street Figthing Man. No fim, o público grita “we want the Stones”, como nos 60’s.
OLYMPIA – PARIS
O show do Olympia teve um pouco mais de jeito de concerto normal de uma tour. A largada foi brutal, com Honky Tonk Women, Tumbling Dice, You Got me Rockin e All Down the Line (Keith se perde no final da música e todos ficam olhando para ele).
A versão de Beast of Buden volta a ser elétrica e com o efeito phaser na guitarra de Keith, como é usual ao vivo. Wild Horses também ganha guitarras, assim como Like a Rolling Stone, e Don Was volta aos teclados em Shine a Light.
Lisa Fischer tem performance estonteante, muito sexy em Miss You, e Bobby Keys faz a gente sentir muita saudade dele no solo de sax da canção. Por fim, Keith canta de novo Connection, mas sem Mick desta vez. O show tem 125 minutos.
BRIXTON ACADEMY – LONDRES
O DVD começa com os Stones caminhando até o palco, nos bastidores. Temos aqui a primeira constatação, que por ser um lugar maior (5 mil pessoas), o equipamento de palco é mais pesado. Ronnie usa bem mais amplis do que nos shows anteriores, em que tinha apenas um Vox e um Fender. Keith, da mesma forma, capricha nos Fender, saltando de apenas um
para pelo menos três, que conseguimos identificar.
Temos Black Limousine neste concerto, o que é um diferencial importante.
Já dissemos, mas é preciso repetir. Lisa está deslumbrante. O modelito dela é de tirar fôlego – ela fica muito bem de chapéu. A interpretação dela em Monkey Man é sem explicação. Ninguém canta como Lisa Fischer.
Sem dúvida Far Away Eyes é destaque. É uma das melhores versões ao vivo já feitas pelos Stones. Ronnie brilha no seu pedal steel Emmons. Love in Vain é tocada apenas em Brixton e rouba a cena.
A versão de Like a Rolling Stone que temos aqui é a que virou single e entrou no CD Stripped original. I Go Wild funciona muito melhor em lugares pequenos – é constatação dessa trilogia stoneana. Connection não tem Mick de novo, mas Keith ganha a companhia de Lisa e Bernard na dianteira do palco. O show tem 122 minutos.
CD
Como nem tudo é perfeito, o CD foi o que menos agradou pela escolha de canções. Mais uma vez coisas como Brown Sugar, Jumping Jack Flash, Honky Tonk Women e Miss You foram incluídas sem necessidade. Beast of Burden (acústica), All Down the Line, It´s All Over Now, Connection (com Mick), Black Limousine, Monkey Man e Slipping Away, por exemplo, fariam muita mais sentido neste tipo de lançamento.
Claro que o CD é ótimo, mas poderiam ter evitar repetir mais uma vez temas que têm infinidades de versões oficiais ao vivo.
LIVRO
O livro que acompanha a versão deluxe é capa, dura, e é dentro dele que vêm os DVDs e o CD. São 60 páginas com muitas fotos e poucos textos falando sobre os shows. O livro é muito mais visual – e é muito bonito. Não vamos dizer que seja o ponto alto deste lançamento, mas é um acessório bem bacana.
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Só na expectativa pela chegada do meu.
André, acredito que a opinião seja mesmo unânime quanto ao fato das repetições dos "cavalos de guerra" em todo e qualquer disco ao vivo dos Stones (exceção do No Security). Eles poderiam privilegiar outras faixas que são muito bacanas ao vivo. Mas eu vou ainda além, embora sejam versões diferentes/shows diferentes, para que colocar Dead Flowers, Shine A Light, Like A Rolling Stone se já saíram no Stripped, e pior, Street Fighting Man é a mesma versão!?
Quem é que seleciona as faixas, os próprios Stones?
Ah, a expectativa também é grande para ouvir o podcast do programa de hoje. Eu desconhecia este bootleg.
Grande abraço
é, isso e batalha perdida. eles apostam sempre que o público comprador é o curioso, o grande público e que não coleciona discos, então, quer sempre as canções mais conhecidas.
mas… enfim… Mas o CD é apenas um detalhe do lançamento, que se justifica amplamente pelos 4 dvds. mas poderiam colocar umas canções alternativas no CD, pq ai as pessoas q não pode comprar a caixa luxo, teriam ao menos essas canções menos batidas.
mas, como disse, o lançamento é amplamente válido pelos shows, pelo doc e pelo livro.
Vou comprar o meu em Blu Ray.
E concordo com você, André, a melhor época da Lisa com a banda foi 1994,95 até 99.