Os Rolling Stones já se reinventaram e ressurgiram das trevas tantas vezes nos últimos 61 anos que é impossível contar. Mas desta vez eles ultrapassaram todos os limites do renascimento. Com mais de seis décadas de estrada, ainda lambendo as feridas pela perda do insubstituível Charlie Watts, os Stones dão ao mundo Sweet Sounds of Heaven, que imediatamente desponta como canção do ano, sem concorrência viável.

Dias antes a banda havia lançado o bom rock Angry, que traz a fórmula certeira do estilo, com riffs, bunda, sexo e sarcasmo. Sweet Souds Of Heaven eleva a discussão para outro nível.

Sweet Souds Of Heaven é uma linda balada gospel, que te coloca dentro de uma igreja batista norte-americana. É tão boa, ou até melhor, que Shine a Light. Os vocais de Mick Jagger estão sublimes. Melhores do que nunca. Lady Gaga traz um brilho vocal comovente, como Merry Clayton em Gimme Shelter. Juntos, Jagger e Gaga suplicam de forma comovente perdão ao Senhor.

Jagger confessa ter flertado com a escuridão, mas diz que isso foi necessário para enxergar a luz, sem deixar a ironia de lado. “Let the old still believe that they’re young (deixe os velhos acreditarem que eles ainda são jovens)”.

Stevie Wonder no orgão faz a cama necessária para o som encorpado, enorme, ecoando como na igreja. Keith Richards e Ronnie Wood mandam licks e riffs entrelaçados, tecendo a sonoridade que os torna únicos juntos. Darryl Jones e Steve Jordan formam uma base ritmica coxuda, robusta. Charlie Watts certamente está orgulhos dos “guris”.

Sweet Sounds of Heaven é  candidata a ganhar todos os prêmios que existirem e a liderar todos os charts que houver. Mas os Rolling Stones não precisam disso. Quem precisa deles somos nós, amantes de boa música.