Por André Ribeiro
Os Rolling Stones deram nesta terça-feira um show incrível em Montevidéu. Depois da ótima performance no Chile, parecia que seria impossível para a banda manter aquele excelente padrão, até porque os shows da Argentina foram irregulares, com altos e baixos. Pois o Estádio Centenário viu Jagger pegar camiseta de Luis Suárez, agradecer ao craque uruguaio o presente que ele teria enviado à banda e ainda brincar com os brasileiros. “Nosso próximo show é onde ocorreu o Maracanaço”, disse Jagger, referindo-se à Copa de 1950.
As piadas e brincadeiras, contudo, estiveram longe de ser o prato principal. Keith estava muito concentrado em tocar bem. Os chutes e socos no ar foram trocados por acordes certos, colocados de forma precisa, o que fez toda a banda ir junto numa levada de rock direto e sem frescuras, que empolgou as mais de 55 mil pessoas presentes (o estádio não estava 100% cheio, talvez 95%).
Um dos melhores momento da noite foi a interpretação de Slipping Away, possivelmente a melhor versão ao vivo que a canção ganhou até hoje. O solo de Keith foi lindo, perfeito, emocionante como a música pede. Keith foi mais Keith do que nunca, transpirando feeling por todos os poros.
Aos 72 anos, Jagger brinca com a idade. É inacreditável que ele consiga correr, pular e se mover por 2h15min como se tivesse 20 anos. Mick foi o frontman de sempre. Perfeito, com o público em suas mãos e com um carisma impressionante. Charlie e Ronnie também mantiveram o alto nível costumeiro.
A interpretação de Sasha Allen em Gimme Shelter melhorou bastante. Foi disparado a melhor até o momento. Ela está mais solta, embora, claro, nunca vá ser Lisa Fischer. O solo de Tim Ries em Miss You também foi menos jazzístico. Soou bem melhor. Da mesma forma, Karl Denson deveria ser escalado para soprar o saxofone na canção.
A opinião geral com quem conversei depois do show é que realmente Montevidéu está no topo da lista de apresentações da Olé Tour. A próxima parada é o Rio. Será meu 14º show dos Stones, o quarta de 2016.