É provável que ninguém faça a mínima idéia de quantos livros já foram escritos sobre os Rolling Stones nos últimos 46 anos. Aliás, há ao menos uma dúzia de obras referindo-se ao mítico período em Villa Nellcote e à época da gravação do não menos lendário Exile on Main St. Portanto, não espere ler nada que você nunca tenha ouvido falar quando começar a passear pelas 241 páginas de Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones, livro de Robert Greenfield, traduzido para o português por Diego Alfaro e editado pela Zahar.
O livro não tem a pretensão de contar a verdade sobre o período mais criativo e também mais confuso e drogado da história dos Stones. O autor, que tem outras publicações sobre a banda, serviu-se de entrevistas feitas por ele com pessoas que conviveram com os Stones em 1971 e 1972, especialmente em Villa Nellcote, para apresentar versões sobre o que aconteceu, tentando chegar o mais próximo da realidade. Esse é um dos grandes méritos do livro, que também usou e abusou de textos de obras anteriores. Rose Taylor (ex-esposa de Mick Taylor) e o engenheiro de som Andy Jonhs estão entre as fontes de Robert Greenfield e dão relatos valiosos.
O livro realmente não é sobre o disco Exile on Main St., mas sobre o momento em que ele foi gravado, trazendo detalhes sobre as relações entre Mick, Keith, Anita e Marianne. A vida drogada na Riviera Francesa e como a heroína influenciou e atrapalhou o percurso dos Stones estão entre os pratos principais. Confirmando algumas lendas e desmentindo outras, o livro é leitura fácil.
Para desespero de alguns fãs, Robert Greenfield destrói o mito das duas trocas totais de sangue pelas quais Keith teria passado em 1972. A lenda já foi fartamente desfeita, mas ainda muitos preferem viver no imagiário criado pelos Stones. Alguns poderão se decepcionar ao ler que Keith foi para clínica na suíça para se limpar, porque os Stones estavam duros e precisavam fazer tour pelos Estados Unidos. Para tanto, Keith necessitava ter visto de trabalho, o que não seria concedido sem ter passado por tratamento contra o vício. Primeiro Keith e depois Anita tiveram temporada na clínica da suíça – e ninguém trocou de sangue.
Por fim, a obra passa rapidamente pelos dias de hoje. Fala até sobre o show em Copacabana, sobre o relacionamento de Mick com Luciana Gimenez e também sobre o acidente de Keith nas Ilhas Fiji. É um bom livro. Não traz nada de novo, mas quem não gostava de ouvir as velhas histórias contadas pelo vovô 200 vezes como se fossem novidade? Enfim, divirtam-se lendo Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones.
acabei de ler o livro, gostei! mas achei que o autor deve ser um grande fã de keith e não deve gostar tanto de mick! eu pessoalmente acho que um completa o outro, se os stones fossem 5 keiths já teriam acabado a muito tempo,keith é o idealista, romantico, o mundo gira em torno de uma guitarra, e mick é o grande letrista que da corpo ao som que o keith cria, além disso é pé no chão! moderno, visionário, e um puta rock performer… talvez o melhor ou o pioneiro, então um têm que engolir o outro, são caras completamente diferentes mais que se completam, e sobre o exile, queiram ou não foi o melhor duplo da história do rock!!! pra mim o melhor disco deles sempre foi o beggars banquet, mais o exile é os roling stones em todos os sentidos… e só quem conheçe a banda profundamente pra entender oq estou querendo dizer.
Olá Stonealone,
Essa dicotomia acompanha todos os autores que escrevem sobre os Stones. Uns valorizam mais o Mick; outros valorizam mais o Keith. Mas é como falaste, ambos são vitais.
abraço.