Fotos Alex Carvalho/Stones Planet Brazil

Por Alex Carvalho

Desembarquei em Madrid no domingo passado. É minha primeira vez
na Espanha. Tenho uma missão muito concreta, definida: assistir a mais um
concerto dos Rolling Stones, aos quais chamo carinhosamente de
“velhinhos”.
Para
minha surpresa, num primeiro momento, encontrei a cidade praticamente
alheia ao show. Não notei cartazes ou pessoas com camisetas. Essa
situação se manteve até a terça-feira, véspera do show. Nesse
dia, caminhando pela Gran Vía e pela Puerta del Sol já dava para
perceber alguns “dos nossos”. Pessoas dos mais variados lugares.
Na
quarta-feira havia algo diferente no
ar. Não apenas os madrilenos, mas, como está ocorrendo em toda essa
tour, todos atenderam ao chamado: Santiago Bernabeu lotado.
E
os velhinhos, como sempre, souberam corresponder. O repertório foi
basicamente mantido, com pequenas alterações e com Like a Rolling
Stone sendo a música executada por votação na internet.
Charlie
é um relógio suíço, o coração da banda. Impecável. Quando
apresentado, foi chamado de “el torero” por Mick. 
Ronnie
parece estar em um parque de diversões. Ele passa para todos uma
energia muito positiva. É um grande prazer para ele estar ali, tocando com
seus parceiros de longa data. Fez belos solos, correu muito pelo
palco, pulou, dançou, estava muito solto, um show à parte. Olhando
para ele dá para imaginar um cara amigão. Em certo momento, Ronnie percebeu que Keith tinha com alguma dificuldade quando o teleprompter falhou em Can´t be Seen e veio imediatamente em socorro do parceiro.
Keith
é mágico. Nitidamente o pequeno contratempo não o abalou e ele seguiu
fazendo o que todos esperavam dele, muitos riffs, solos, carisma.
Por
fim, Mick Jagger, the band leader. Como
sempre hipnotizante. Incrível como em dados momentos Ronnie ou Keith
executam belos solos, mas o público todo permanece seguindo Mick com
os olhos, como se fosse impossível parar. A cada show que eu vejo
fico com a impressão de que ele está com preparo melhor para pular e
dançar durante as duas horas e pouco de show. Nunca irá existir
melhor frontman do que ele. O cara segue cantando demais. Mick deveria se chamar
Mick Button, pois como Benjamin, parece que fica mais jovem ao invés
de envelhecer.
Os
Stones entregaram nessa quarta-feira tudo o que esperamos deles. Foi
meu quinto concerto, no quarto país diferente, e sei que eles nunca
vão me decepcionar.
As
distâncias são longas, mas como diz um amigo meu: “ver os Stones
não é um sacrifício, sacrifício é não vê-los”. E como diz
este que vos escreve: “Vai viajar para ver os Rolling Stones?
Desejo-lhe apenas uma boa viagem, porque desejar bom show é
desnecessário”.
Mas
eles são perfeitos? Não erraram? Erraram sim. Percebi alguns
pequenos deslizes e isso me faz muito mais feliz, aliviado até, pois
são apenas nesses momentos que percebo que eles são humanos como
nós.
Que
as pedras continuem rolando e cheguem à América do Sul no ano que
vem, afinal, os “velhinhos” ainda têm muita bala na agulha…
Fotos Alex Carvalho/Stones Planet Brazil