Vamos continuar lembrando passagens históricas do Stones Planet Fanzine. Hoje vamos abordar a entrevista de Carlo Little, baterista que tocou com os Stones em 1963 e que recusou convite de Brian Jones para se juntar definitivamente à banda. A matéria foi publicada na edição nº9 da revista, lançada em 2002. O artigo é assinado por Christian Diemoz. Lá vamos nós:
Carlo Little é o caso típico de pessoa que deixou a fortuna escorrer por entre os dedos de suas mãos. Ele recebeu chamado da sorte e o recusou. Os Stones estavam começando em 1963, ainda não tinham a banda completa, revezam bateristas. Mick, Keith, Brian e Stu foram assistir à Cyril Davis Band, onde Carlo Little tocava. “Eles gostaram de nós. No intevalo do show, conversamos sobre discos”, lembrou Carlo. Um outro dia, Brian perguntou-me se eu e Rick Fenson, baixista da Cyril Daves Band, aceitaríamos fazer algumas apresentações com os Stones.
Carlo, Rick, Brian, Mick e Keith fizeram três apresentações juntos, Stu, pouco participou ao piano. Os concertos foram dia 14 e 21 de janeiro de 1963, no Flaming Club, e 19 de janeiro do mesmo ano, no Richmond’s Hall, ambas apresentações em Londres.
Duas semanas depois, Brian convidou Carlo para juntar-se definitivamente aos Stones. “Eu não posso ficar porque preciso ganhar a vida. Eu sou profissional e vocês são semi-profissionais”, respondeu Carlo Little, sem imaginar a besteira que estava fazendo, já que não acreditava no futuro dos Stones. “Brian perguntou-me sobre Charlie Watts. Disse a ele para tentarem, porque ele também estava começando”, acrescentou Carlo.
Ainda sobre suas andanças com os Stones, Carlo Little lembra que foi ouvir música com Brian em Edith Grove. “Era um lugar terrível”, disse o baterista. “Brian não tinha grana para nada. Tudo que ganhava era para comida. Tinha poucos discos. Um dia o Brian ofereceu-me um álbum de Johny Cash, queria vendê-lo por 10 shillings para comprar comida. Ele amava o disco, mas precisava da grana”, relembrou.
Carlo Little reencontrou os Stones em 1998, no Stade de France, que estava lotado, com 80 mil fãs da platéia de Paris. Carlo conseguiu passe vip para os camarins. Lá, encontrou Keith e conversou com Ronnie, que era fã da Cyril Davis Band, já que seu irmão Art Wood, foi vocalista do conjunto, e Ronnie costuma ver algumas apresentações da banda. Em 1999, o músico formou a Carlo Little’s Allstars. “O rock and roll deu-me os melhores anos da minha vida”, admitiu.