E a história de Mick Taylor nos Stones foi mais ou menos assim…
Ao final dos anos 1960, recorrentes escândalos e problemas com drogas envolvendo o então guitarrista dos Rolling Stones, Brian Jones, fizeram soar um alerta para Mick Jagger e Keith Richards. Algo deveria ser feito para garantir o futuro da banda. Tirá-lo da equipe não foi uma decisão fácil, afinal, Brian agregou muita qualidade e conhecimento no começo da jornada dos Stones, porém, ele passou de protagonista a coadjuvante com o início das composições de Jagger/Richards. A perda da liderança do grupo foi o gatilho para seus excessos. O rompimento com Anita Pallenberg, que o trocou por Keith, não ajudou em nada.
Vários nomes foram indicados para ocupar a vaga de Jones, inclusive o próprio Ronnie Wood, que só teria ficado sabendo do suposto convite anos depois, já que teria sido sabotado por Ronnie Lane, colega da banda em que atuava na época, o Small Faces.
Ian Stewart, então, dentre suas diversas colaborações para os Stones, foi quem trouxe à tona o nome que seria escolhido: Michael Kevin Taylor, que tinha apenas 20 anos na época e fazia parte da John Mayall’s Bluesbreakers.
Sua estréia acabou sendo em um evento histórico e triste. Em 03 de julho de 1969, Brian Jones foi encontrado morto na piscina de sua casa, sob circunstâncias misteriosas. Dois dias depois, os Stones transformaram o show gratuito no Hyde Park, primeiro de Taylor com a banda, em uma emocionante homenagem ao ex-companheiro. Cerca de quinhentas mil pessoas estiveram presentes, num evento que significou o fim da Era Brian Jones.
Inicia-se então uma nova fase, que é considera por muitos fãs a melhor da banda. Mick Taylor foi guitarrista do grupo entre os anos de 1969 a 1974, um período curto, mas certamente intenso em sua carreira. Sua qualidade era inegável. Um guitarrista solo de uma fluidez e técnica jamais vista, deixando até mesmo Richards boquiaberto.
Talento esse que o levou à 37ª posição do ranking dos melhores guitarristas feito pela revista Rolling Stone (Keith ocupa a 4ª colocação). Não é à toa que durante esses anos, foram lançados muitos dos álbuns mais populares dos Stones: Get Yer Ya-Yas’s Out! (1970), Sticky Fingers (1971), Exile on Main Street (1972), Goats Head Soup (1973), It’s Only Rock’n’Roll (1974).
Taylor Ainda tem participações em “Country Honk” e “Live With Me” do álbum Let It Bleed (1969); “I Don’t Know Why” e “Jiving Sister Fanny” do álbum Metamorphosis (1975); “Tops” e “Waiting on a Friend” do álbum Tattoo You (1981), tendo as duas últimas sido gravadas durante o andamento de Goats Head Soup. Outra prova fantástica de sua contribuição é a música “Plundered My Soul”, single lançado em 2010, gravado em 1972.
Mick Taylor veio para lapidar a musicalidade dos Stones, veio para dar uma carga de rock mais pesado às musicas com todo seu histórico blueseiro. E o resultado está aí: obras primas eternizadas que foram e continuarão sendo passadas a todas as gerações. Como nada é perfeito, e tudo que é bom dura pouco, o guitarrista passou a se sentir incomodado com as brigas entre Mick e Keith. Ele também afirmava se sentir desvalorizado pelos dois, sem participar da autoria de músicas gravadas nesses 5 anos (somente recebeu crédito pela música “Ventilator Blues” do álbum Exile on Main Street). Parecia que a vaga antes ocupada por Brian Jones, e depois por Mick Taylor, estava fadada a sofrer com as brigas por visibilidade e disputas de egos.
Em 1974, portanto, após a gravação do álbum It’s Only Rock’n’Roll, Taylor decide deixar o grupo e seguir carreira solo. Mick gravou dois discos e teve parcerias com alguns artistas.
Seu trabalho é muito bom, tendo o álbum “Mick Taylor” (1979) disponível no aplicativo Spotify. Com todo seu talento e pelo status de ex-Stone, ainda brilha, mas não chegou nem perto do sucesso e reconhecimento que teria caso tivesse permanecido. No fim dos anos 1990, Taylor lançou outro disco, chamado Stones Throw.
Mas, afinal, cada um acaba fazendo suas escolhas e Taylor afirma até hoje não se arrepender da decisão. Vai ver os Stones somente têm espaço para um Mick, não é mesmo? E o que Jagger sabe fazer melhor do que ninguém é ocupar seu espaço e chamar a atenção para o seu carisma e talento.
Apesar do desgaste que houve no relacionamento, Taylor e os demais mantém um relação diplomática – cara participou dos shows dos Stones entre 2012 e 2014, o que foi deleite para os fãs.
Os 5 anos em que ocupou a vaga de guitarrista da maior banda de rock’n’roll do mundo, contribuíram e muito para que os Stones se consolidassem ainda mais e chegassem ao patamar em que estão hoje. Sua saída culminou, finalmente, na entrada do eterno novato Ronnie Wood, que já ultrapassou em muito o tempo de Brian e Taylor somados na banda.
Considerando o conjunto da obra, os Stones encontram-se hoje em sua melhor fase. A banda não precisa provar mais nada e dificilmente alguém os superará como melhor banda de rock’n’roll do mundo. Mick, Keith, Ronnie e Charlie estão mais maduros musicalmente e mais criativos do que nunca. A única explicação para todo esse pique é que eles estão lá por diversão, por amarem o que fazem, e porque querem levar sua obra ao alcance do maior número possível de pessoas.
Ouça aqui o podcast de It´s Only Rolling Stones, que homenageou Mick Taylor por seus 68 anos.
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